terça-feira, 26 de junho de 2012

Por reeleição, prefeita de Natal enfrenta alta rejeição a gestão e caciques locais

Prefeita da única capital no país administrada pelo PV, Micarla de Souza terá de enfrentar uma rejeição de 82% e a oposição das forças tradicionais da política local na disputa pela reeleição. Ao seu lado, por enquanto, apenas o PP, do vice-prefeito Paulinho Freire.

Seu principal adversário será o ex-prefeito por duas gestões Carlos Eduardo Alves (PDT), que lidera as pesquisas com 59% e tem o apoio da ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que comandou o Estado de 2002 a 2009.

Imagens da corrida eleitoral pela prefeitura de Natal

Foto 12 de 12 - 24.jun.2012 - O PT homologou a candidatura do deputado Fernando Mineiro à Prefeitura do Natal, e do candidato a vice-prefeito, Carlos Alberto Medeiros, em convenção realizada na Assembleia Legislativa, com a presença da militância e lideranças locais Divulgação
Wilma abandonou sua pré-candidatura à prefeitura em favor de Carlos Eduardo, o que fez o ex-prefeito crescer dez pontos nas pesquisas.

Largando à frente da prefeita na corrida por votos, estão o deputado federal Rogério Marinho (PSDB) e o deputado estadual Hermano Morais (PMDB). Pesquisas recentes apontam Marinho e Hermano tecnicamente empatados, na segunda e terceira colocação.
A coligação de Rogério Marinho recebe o apoio do DEM, partido comandado no Estado pelo senador Agripino Maia, presidente nacional da legenda, em seu quarto mandato como senador pelo Rio Grande do Norte.

Hermano Morais conta com o apoio do ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, e do deputado federal Henrique Alves, lideranças do PMDB no Estado e herdeiros políticos da família do ex-governador Aluízio Alves, pai de Henrique.
O ministro também é filho do senador Garibaldi Alves, que assumiu o mandato quando da eleição da governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), de quem era suplente.

Garibaldi e Henrique são primos de Carlos Eduardo, mas politicamente militam em lados opostos.

Desistência

A alta rejeição, e um desempenho nas pesquisas que lhe garantem por enquanto 1,8% das intenções de voto, alimentavam especulações de que a prefeita poderia não concorrer à reeleição.

O anúncio oficial da candidatura de Micarla de Souza é esperado para esta semana, segundo afirma o presidente de honra do PV no Rio Grande do Norte, Rivaldo Fernandes.
"Rejeição para nós não é problema. Temos exemplos país a fora de candidaturas que partiram de um nível baixo e foram vitoriosas. Acreditamos que podemos virar o jogo", afirma Rivaldo, citando as reeleições dos prefeitos Gilberto Kassab (PSD), em São Paulo, João Henrique (PP), em Salvador, e Luizianne Lins (PT), em Fortaleza.

Oficialmente, a prefeita ainda não anunciou a intenção de entrar na disputa. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Natal afirmou que Micarla só se pronunciará sobre sua candidatura quando houver um anúncio oficial dela.

Mas o presidente do PV diz que Micarla telefonou para ele na manhã da última quinta-feira (14), anunciando que seria candidata. A convenção do PV está marcada para o próximo dia 30.

O presidente municipal do PTN, Sérgio Pinheiro, também confirma a intenção da prefeita em concorrer à reeleição.
Pinheiro recebeu pessoalmente de Micarla o convite para ocupar a vice na chapa da prefeita, durante uma reunião na última quarta-feira (13).

“O PTN vinha procurando outra estratégia, de lançar candidatura própria, por conta da demora em ela anunciar a candidatura. Eu, pessoalmente, achava que ela não seria candidata”, afirma Pinheiro.

Dois turnos

A entrada de Micarla na disputa pode levar as eleições em Natal para o 2º turno, segundo avalia o cientista político Alan Lacerda, professor do Departamento de Políticas Públicas da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). “Mas acho difícil que ela [Micarla] esteja no 2º turno”, afirma Lacerda.

Para o professor da UFRN, o candidato do PDT, Carlos Eduardo Alves, prefeito entre 2002 e 2008 com administrações bem avaliadas, é o favorito para vencer as eleições, embora não deva manter o nível de 59% das intenções de voto apurado nas pesquisas mais recentes.

Micarla (PV), hoje com 1,8%, poderia alcançar, segundo Lacerda, no máximo 10% do eleitorado, sobretudo com os votos das classes mais pobres, beneficiadas por programas sociais da prefeitura.

Apesar da liderança, a candidatura de Carlos Eduardo pode terminar sendo decidida na Justiça.
Após a Câmara de Natal rejeitar as contas do ex-prefeito do ano de 2008, o que o tornaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa, Carlos Eduardo conseguiu suspender na Justiça a decisão do legislativo.

Mas o processo não foi ainda julgado em definitivo e novos desdobramentos do caso poderão ter repercussões na candidatura.

Desconhecidos

O início da campanha eleitoral, segundo avalia Lacerda, pode dar fôlego às candidaturas de Rogério Marinho (PSDB) e Hermano Morais (PMDB), hoje em empate técnico na segunda e terceira posição nas pesquisas, mas ainda desconhecidos da maior parte do eleitorado.

Um efeito negativo que poderia segurar o crescimento de Marinho e Hermano seria a reprovação da administração da governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), de 75%, segundo afirma o professor da UFRN.
O partido da governadora participa da coligação de apoio à Marinho, enquanto o PMDB, partido de Hermano, participa da base do governo no Estado.

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