O que se fala no palanque é, muitas vezes, distante do que faz no
Palácio. O ditado pode ser antigo e tradicional, mas tem sido vivido
agora pelo povo do Rio Grande do Norte. Pelo menos, é o que avalia o
deputado estadual Fernando Mineiro. O parlamentar petista fez um
levantamento sobre as promessas que a governadora Rosalba Ciarlini fez
na época de campanha em 2010 e constatou que boa parte não virou
realidade, “devido ao estilo de administração que o Governo utiliza, de
não implementar políticas públicas”, conforme afirmou Mineiro.
Segundo o parlamentar, a intenção de disponibilizar as promessas de
campanha de Rosalba, cerca de 500 dias depois do início da gestão, foi
para “que possamos avaliar o que está efetivamente sendo feito”. Mineiro
entende que “é lógico que não podemos cobrar tudo, afinal, a gestão tem
cerca de um ano e meio” mas, infelizmente, já é possível ver que “a
gestão atual está muito distante daquilo que Rosalba prometeu durante a
campanha”.
Mineiro lembrou no levantamento feito, chamado por ele de “Para não
esquecer o mar de rosas”, que “Rosalba dizia ‘saúde pública será
prioridade no meu Governo’, mas depois de um ano e meio de gestão o que o
potiguar sente é exatamente o inverso, um completo descaso na área, com
crianças morrendo por falta de UTIs pediátricas, greves de servidores e
médicos e uma precarização generalizada do serviço, além da iniciativa
de privatizar a gestão no setor”, afirmou.
O material foi produzido pelo mandato do parlamentar e apontou várias
promessas feitas durante a campanha e logo quando assumiu a
administração. “Na área da saúde especificamente, Rosalba prometeu a
construção de um novo hospital em Natal na Zona Oeste da cidade, de uma
maternidade ligada à UERN, em Mossoró, a ampliação do atendimento de
saúde nos municípios do interior do Estado, a construção de UPAs nas
principais cidades do RN, sanear 80% de todo Estado e a implantação de
dois programas: saúde em movimento e município nota 10. Dezoito meses
depois, nem sinal”, apontou Mineiro.
Ao portal de notícias UOL, em entrevista publicada logo depois do
resultado das eleições em 2010, a candidata prometeu reestruturar 23
hospitais da rede pública estadual e construir um Hospital Geral de
Emergências na Zona Oeste de Natal com mais de 300 leitos. Um ano e meio
depois, o Rio Grande do Norte sofre com déficit de leitos no sistema
público de saúde o que está gerando um verdadeiro caos na área.
Em programa de campanha exibido no dia 18 de agosto, dedicado
exclusivamente à saúde, a candidata Rosalba se comprometeu a aumentar o
número de equipes médicas e equipamentos em hospitais em todas as
regiões do Rio Grande do Norte. No programa, ela critica a superlotação
do Walfredo Gurgel e cita que o problema disso é pela falta de
atendimento no interior.
Um ano e meio depois, o atendimento no interior piorou e o problema de
superlotação do Walfredo Gurgel se tornou ainda mais dramático. O
detalhe é que durante o programa ela diz que “não pode se conformar” com
a situação da saúde do Estado na época e conta um caso de uma mulher
que precisou viajar 4 horas do interior para Natal para conseguir
atendimento. O programa Profissão Repórter da TV Globo, exibido
terça-feira da semana passada, inclusive, mostrou um caso semelhante a
esse, agora ocorrido justamente no governo Rosalba.
Outra promessa é da construção do Hospital Escola materno-infantil de
Mossoró, ligado à UERN. 18 meses depois, nem sinal do equipamento
público. A única coisa que houve foi a terceirização de uma maternidade
para a Associação Marca, do Rio de Janeiro. O contrato, com valor de
mais de R$ 15 milhões e seis meses de duração, por sinal, está sendo
investigado pelo Ministério Público por conta de irregularidades.
“Estado justifica o caos afirmando que não há dinheiro, mas o governo já
pagou R$ 5,5 milhões para a organização social Marca, que foi
contratada sem licitação para gerir o Hospital da Mulher de Mossoró. Não
falta dinheiro, falta prioridade”, declarou.
MENOS DE R$ 10 MILHÕES INVESTIDOS
Não é para menos que o Governo do Estado não está conseguindo cumprir
as promessas feitas para a saúde pública. “O valor investido é muito
baixo, praticamente nulo. No ano passado, menos de 1% do orçamento para
saúde foi investido no setor. Neste ano, está em 0,5%. Ou seja, é muito
baixo”, afirmou Mineiro.
Em números, isso significa dizer que, em 2011, Rosalba gastou mais de
R$ 1,116 bilhão com a Saúde, mas investiu apenas R$ 10 milhões no setor.
O restante foi só para pagamento de pessoal e manutenção de contratos e
serviços – como os de terceirização. “A terceirização é mais um
problema desta gestão porque deveria ser algo complementar, mas o que
vemos é que ela representa o gasto principal”. O investimento
praticamente nulo se reflete nas dificuldades enfrentadas para adquirir
equipamentos e reformas e ampliar unidades médicas.
E para aqueles que pensam que investir R$ 1,116 bilhão em Saúde em 2011
é muito, neste ano, de janeiro a maio, o Governo do Estado arrecadou
quase R$ 1,5 bilhão em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços, o ICMS. Esse, inclusive, é só um dos vários tipos
de arrecadação da gestão atual, que inclui ainda royalties e Fundo de
Participação do Estado (FPE).
Fonte: Política/Jornal de Hoje
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