segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mineiro: “Estamos escancarando uma porta para o serviço privado”

  Mineiro: “Durante 18 meses, os serviços foram propositalmente desmontados” - 
Foto: José Aldenir

Assembléia Legislativa aprovou o projeto enviado pelo Governo do Estado que prevê a contratação de Organizações Sociais (OS) para gerir serviços públicos de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. Apesar da aprovação, o projeto foi alvo de críticas, sobretudo, do deputado de oposição Fernando Mineiro, do PT. Isso porque, segundo ele, “estamos escancarando uma porta para a entrega de serviços essenciais à população para o serviço privado”.

Como agravante, além de terceirizar serviços públicos básicos, a lei também prevê a dispensa de licitação para as contratações. “Se não querem fazer licitação é porque já sabem quem será beneficiado”, enfatizou Mineiro. O deputado votou a favor da necessidade de licitação, em substitutivo enviado pelo deputado José Dias, mas a bancada do Governou não aprovou. “Interessa tanto que não haja licitação que a bancada governista votou contra o substitutivo”.


Para Mineiro, a aprovação deste projeto é a afirmação de um modelo de gestão privatista e a confissão da incapacidade administrativa da atual gestão. O deputado acusa o Estado de  criar condições para o desmonte do serviço público. “Durante esses 18 meses de Governo, os serviços públicos foram propositalmente desmontados, aprofundando a precariedade, para que o Governo do Estado pudesse ter os argumentos necessários para entregá-los a empresas privadas”, criticou.

Um exemplo claro, segundo Mineiro, é o do Hospital Walfredo Gurgel. “O Governo do Estado já planeja entregar a gestão da unidade nas mãos das Organizações Sociais”. E não foi só. Segundo o petista, a gestão estadual utiliza o projeto para “legalizar práticas ilegais”. “Esta Casa vai se submeter a isso?”, questionou, depois, vendo que iria sim se submeter.

Vale lembrar que existem casos de Organizações Sociais administrando instituições públicas, como é o caso da Associação Marca, que gerencia sem ter passado por licitação, o Hospital da Mulher de Mossoró. O contrato prevê o pagamento de R$ 16 milhões durante seis meses de gestão. A parceria é investigada pelo Ministério Público Estadual.

“Ao invés de reestruturar os hospitais, o Governo entrega o dinheiro nas mãos de empresas privadas. Nós sabemos que o dinheiro público é pouco, mas a questão está nas prioridades. O dinheiro é pouco, mas também tem beneficiado a poucos”, apontou.

Até o dia 31 de maio, o Executivo havia repassado para a Associação Marca, em apenas três meses, R$ 5 milhões e 800 mil dos R$ 16 milhões estabelecidos no contrato. Para fazer uma comparação, o investimento em saúde em todo RN, no mesmo período, foi de cerca de R$ 1 milhão e 500 mil. “A mesma gestão que não teve um milhão para instalar as UTIs neonatais, que não tem recursos para comprar esparadrapos e medicamentos, tem dinheiro para pagar uma empresa privada”.

GOVERNO DO ESTADO

Segundo o Governo do Estado, com a aprovação do projeto, será possível qualificar como Organizações Sociais, entidades cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e à preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. A celebração de tais contratos de gestão deverá considerar o serviço que será prestado, os meios, os recursos orçamentários custeados pelo Estado, os equipamentos e as instalações.

A Organização Social é uma espécie de título que a administração pode outorgar a uma entidade privada, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do Poder Público, como dotações orçamentárias, isenções fiscais etc., para a realização de seus fins, que devem ser necessariamente de interesse da comunidade.

De acordo com o projeto, enviado em abril e aprovado pela AL, a Proposição Normativa reveste-se de importância para a população norte-rio-grandense, pois possibilitará: a realização das atividades públicas pela organização social devidamente qualificada para esse fim, bem como o aumento da eficiência e a melhoria da qualidade dos serviços considerados não exclusivos, porventura explorados pelo Poder Público, visando atender de forma mais satisfatória o cidadão-usuário.

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