Data: 03 julho 2012 - Hora: 15:37 - Por: Alex Viana
A ex-governadora Wilma de Faria, presidente estadual do PSB,
respondeu aos ataques da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), proferidos
nos último sábado, em seu discurso na convenção que lançou o deputado
federal Rogério Marinho como candidato do PSDB a prefeito de Natal.
Rosalba disse que no palanque do DEM e do PSDB não existem escândalos
como “foliaduto” e “ouro negro”, numa referência a escândalos do governo
Wilma de Faria.
Em resposta, essa manhã, Wilma disse que Rosalba precisa inicialmente
se preocupar em explicar o envolvimento do governo do Estado com a
Operação Assepsia. “Ao invés de entrar no terreno da baixaria eu prefiro
lembrar o governo que cuide dos contratos sem licitação que estão sendo
investigados pelo Ministério Público”, rebateu Wilma esta manhã, em
contato com O Jornal de Hoje.
Segundo a ex-governadora, o governo estaria escondendo o contrato do
Estado com a Associação A Marca, pivô das irregularidades investigadas
pelo MP no setor de saúde em Natal, para administração do Hospital da
Mulher em Mossoró. “O contrato de Mossoró precisa ser bem explicado para
todo mundo entender qual envolvimento está existindo. Por enquanto,
estão escondendo que é só o Município. Mas são as mesmas pessoas. Mesmos
procedimentos”, afirmou Wilma de Faria.
Segundo o MP, houve fraude na forma como o contrato em Mossoró foi
firmando, já que foi feito em sem licitação e de forma emergencial,
assim como feito com a Prefeitura de Natal. Com relação a ser as mesmas
pessoas envolvidas, refere-se ao procurador Alexandre Magno, acusado de
ser o mentor intelectual das irregularidades no Município, ser o mesmo
que auxiliou o então secretário de Saúde do Estado, Domício Arruda, na
época que Rosalba estava firmando o contrato com a Associação A Marca.
Além disso, os diretores da associação que fecharam com o município
também celebraram com o Estado a contratação. “O governo está envolvido
na Operação Assepsia, dentro de uma ação que pode ser até mais
abrangente, porque recentemente aprovou uma lei para promover a
privatização em várias áreas”, completou a ex-governadora.
CAMPANHA
Wilma de Faria, que foi homologada pelo PSB como candidata a vice-prefeita na chapa de Carlos Eduardo Alves (PDT), afirmou que a campanha eleitoral deve ser propositiva e não de ataques. “Mas já que se citou honestidade, que é obrigação de todos, está na hora de se cuidar desses contratos que estão sob suspeitas”. De acordo com a ex-governadora, o governo anunciou auditoria neste contrato e suspendeu o repasse de verba, ma já pagou R$ 15 milhões, verba cuja boa utilização precisa ser averiguada para preservar os interesses da população. Segundo Wilma, “é muito dinheiro envolvido, é mais do que o que foi liberado este ano para os demais hospitais do Estado”, alertou Wilma.
“Estão dizendo que vai mandar parar de pagar, mas já pagou, já foi
feito, o erro já foi cometido. Depois, existe a perspectiva maior, já
que foi feita uma lei de Organização Social onde prevê a privatização
não só para a área de saúde, mas para outras áreas como educação,
cultura e ciência e tecnologia, privatizando o Estado todo, contratando
sem licitação. Quando faz um processo licitatório, tem todo um mecanismo
de controle, porque tem o edital, publicação no Diário Oficial e toda
uma transparência no processo”, explicou.
Ainda com relação à lei da OS, Wilma de Faria diz que a norma diminui
drasticamente o poder fiscalizador da sociedade e do próprio poder
público, uma vez que, além de prescindir de licitação e publicação no
Diário Oficial, a contratação sequer exige autorização do Poder
Legislativo. “Portanto, a sociedade pode não tomar conhecimento. Esse
projeto não é correto, é preocupante porque é contra a transparência do
processo administrativo”.
O pior, conclui Wilma de Faria, é que enquanto isso no estado a
população está sofrida devido a precariedade dos hospitais. “A situação
está tão crítica que o Conselho Regional de Medicina fez uma ação civil
pública para que o estado assuma suas responsabilidades em relação a
esses hospitais”, disse a ex-governadora.
“Não vou discutir com o deputado Henrique Eduardo Alves”
Wilma de Faria aproveitou para responder as críticas do presidente
estadual do PMDB, deputado federal Henrique Eduardo Alves, que em
entrevista reproduzida no JH desta segunda-feira, recriminou as últimas
gestões, afirmando que Wilma e Carlos Eduardo “já fizeram o que tinha
que fazer” e criticando a falta de planejamento da cidade durante os
últimos vinte anos.
“Não vou discutir com Henrique. A gente não deve discutir com
Henrique. O povo é quem falou. Melhor que as palavras são os atos.
Porque o governo de Wilma na prefeitura de Natal foi muito bem avaliado.
Essa é a maior resposta. Estão aí todas as pesquisas de opinião
pública”, afirmou a ex-prefeita e ex-governadora.
Segundo Wilma, de Faria, nos cincos anos que esteve à frente da
Prefeitura, de 1997 ao início de 2002, quando renunciou ao mandato para
disputar, com sucesso, a eleição de governador, sua gestão foi avaliada
com mais de 90% de aprovação. E, segundo ela, Carlos Eduardo, que foi
seu sucessor, “foi no mesmo parâmetro”.
“Não preciso citar obras, porque já citei aprovação. A se falar nas
obras, ligamos regiões, construímos avenidas, fizemos viadutos,
pontilhões, todas as obras necessárias. Agora faz onze anos que deixei o
governo. Depois desse tempo, não posso falar”, afirmou.
No caso de Carlos Eduardo, Wilma disse para “perguntar ao ele”, porque ela não responde por ele. “Mas ele foi aprovado, fez grandes intervenções, inclusive na Zona Norte, em favelas, em áreas importantes de drenagem da ZN. A cidade cresceu e ele fez grandes intervenções”, defendeu.
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