Ter, 07 de Maio de 2013 |
Compromisso será assumido pelas ministras da Seppir e SPM e por
representantes de agências da ONU, nesta quinta-feira (09/05), em
Brasília. Na ocasião, das 9h às 10h30, será realizada uma coletiva de
imprensa e serão lançadas duas publicações inéditas para orientar
instituições públicas no diagnóstico e construção de plano de
enfrentamento aos problemas. O enfrentamento ao racismo é uma das metas de políticas e programas prioritários desenvolvidos pelos órgãos públicos? As equipes estão treinadas para reconhecer a diversidade de sujeitos e de demandas? O quesito raça/cor é preenchido na instituição segundo as categorias de classificação do IBGE? Perguntas como estas parecem simples, mas podem ser o primeiro passo no enfrentamento de um grave problema: o racismo institucional – que se mantém na estrutura da sociedade brasileira, muitas vezes, pela simples inércia da gestão pública em identificar e combater o problema. Definido como o fracasso das instituições em garantir direitos e acesso a serviços às pessoas em virtude da sua raça/cor e sexo, o racismo institucional se expressa tanto no interior das instituições – desde os processos seletivos e programas de progressão de carreira – quanto no processo de formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas. Por isso, especialistas destacam a urgência de se criarem mecanismos capazes de quebrar a invisibilidade do racismo institucional, estabelecendo novas proposições e condutas, sobretudo na gestão pública. Para auxiliar nessa frente, um grupo de trabalho – formado por especialistas de organizações feministas e do movimento negro, do Governo Federal e do Sistema ONU – elaborou duas publicações inéditas no País: o "Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional e Desigualdade de Gênero" e o texto "Racismo Institucional – uma abordagem teórica". As publicações foram pensadas como instrumentos para que instituições públicas se avaliem, construam seus diagnósticos, indicadores e estratégias, fortalecendo o compromisso do Estado e da sociedade com o enfrentamento do racismo institucional, vivenciado cotidianamente pela população negra no Brasil, sobretudo pelas mulheres. O lançamento contará com a presença das ministras Luiza Bairros (Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial / Seppir) e Eleonora Menicucci (Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República / SPM/PR), e de chefes de agências da ONU (ONU Mulheres, OIT e PNUD), que assinarão na ocasião um Protocolo de Enfrentamento ao Racismo Institucional em suas instâncias e participarão de coletiva de imprensa. O evento acontece nesta quinta-feira, dia 9 de maio de 2013, em Brasília, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Setor de Embaixadas Norte - Lote 19, Brasília/DF) das 9h às 10h30. Baixe aqui: Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional Livro: Racismo Institucional - Uma abordagem conceitual Para mais informações contatar: Em São Paulo: Débora Prado - Tel.: (11) 3262 2452 Em Brasília: Flávia Azevedo - Tel.: (61) 9998 4895 >> Sugestão de fontes: Para apoiar a cobertura da imprensa, a Agência de Notícias Patrícia Galvão entrevistou especialistas envolvidas na produção das publicações e compilou dados sobre o tema. "Políticas universais não bastam; instituições precisam ser enérgicas para enfrentar o problema" Tatiana Dias Silva - coordenadora de Igualdade Racial do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Email: tatiana.silva@ipea.gov.br – Tel.: (61) 3315-5122 “As desigualdades racial e de gênero estão na sociedade brasileira, contaminando as instituições. Todos os dados mostram isso: os de educação, escolaridade, desigualdade de rendimentos, nível de desemprego, acesso à Previdência, entre outros – não tem um indicador em que a gente não perceba as desigualdades. Existe uma falsa crença de que políticas universais são neutras e garantiriam, por si só, o acesso de todos e todas aos direitos e políticas públicas, e isso faz com que, muitas vezes, as instituições não se debrucem sobre a temática do racismo institucional, o que acaba perpetuando o problema. Portanto, é fundamental discutir os mecanismos de produção e reprodução do racismo dentro das instituições. As publicações ajudam a identificar situações e dão um apoio para enfrentá-las, então a expectativa é que, com o texto conceitual e o guia, as instituições se debrucem sobre isso, sejam corajosas para assumir essa temática e repensem a descriminação nas suas estruturas”. "O racismo contamina a formulação de políticas públicas, perpetuando desigualdades" Nina Madsen - socióloga e integrante do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). Email: nina@cfemea.org.br – Tel.: (61) 3224-1791 “O racismo institucional faz parte de um sistema que estrutura nossa sociedade e, portanto, nosso Estado, que é um sistema racista. Ele é a dificuldade do acesso e da concretização dos direitos para a população negra no Brasil, que se expressa tanto no interior das instituições – desde os processos seletivos aos programas de progressão de carreira – quanto no processo de formulação, implementação e monitoramento das políticas públicas. Seu enfrentamento requer uma ação enérgica, pois sem um olhar especializado e uma atitude para interromper, a lógica hegemônica se mantém. E, desse modo, as instituições não produzem dados agregados por raça/cor e não utilizam esses dados na hora de elaborar e avaliar políticas públicas, reproduzindo o racismo. Essas publicações representam uma iniciativa bastante inovadora e inédita, porque condensam uma série de formulações que vêm sendo produzidas no Brasil ao longo dos últimos 15 anos e propõem um conceito de racismo institucional de uma maneira sistematizada. Representam um instrumento bastante forte e estratégico para se avançar no combate ao racismo dentro das instituições”. "Quebrar a invisibilidade do racismo institucional é fundamental" Jurema Werneck - médica, pesquisadora e coordenadora da ONG Criola. Email: juremawerneck@criola.org.br – Tel.: (21) 2634-1316. “O racismo institucional é um conceito que serve de ferramenta para evidenciar como o racismo se desenvolve fora das relações interpessoais, porque, para além de existir pessoas racistas, ele acaba contaminando a vida social e institucional em diferentes esferas. Então, esse conceito é uma forma de mostrar que o racismo não está apenas internalizado nas pessoas, mas, como ideologia, ele participa da organização política, social e institucional do Brasil. A invisibilidade de como se dá essa participação no funcionamento de instituições e estruturas é uma fase própria desse sistema de exclusão, que, dessa maneira, se perpetua. Assim, essas duas publicações são ferramentas para descortinar esse processo e elas podem ajudar quem já tinha o compromisso de estar fazendo um enfrentamento ao racismo, previsto por lei, na gestão pública. Nesse sentido, ter duas ministras assinando o protocolo é muito importante, pois elas estão ratificando o compromisso que a lei estabelece e contribuindo, assim, para fazer um chamamento ao resto do Poder Executivo, uma vez que todos e todas que estão nos Ministérios, na Presidência, e também nos Estados e municípios têm a obrigação de fazer esse enfrentamento”. "A população negra, sobretudo as mulheres, continua tendo menor acesso a direitos e serviços" Nilza Iraci - presidenta e coordenadora de comunicação do Geledés – Instituto da Mulher Negra. Email: nilraci@uol.com.br – Tel.: (11) 3333-3444 e (11) 99584-0367. “O racismo institucional e a desigualdade de gênero produzem a falta de acesso ou o acesso de menor qualidade aos serviços e direitos pela população negra, sobretudo pelas mulheres. Mas, para além disso, representa também a perpetuação de uma condição estruturante de desigualdade em nossa sociedade. Reconhecer a existência dessa dimensão da desigualdade, tão profundamente marcada na sociedade e Estado brasileiro, é essencial para enfrentá-la. A população negra continua tendo menor acesso a direitos e a serviços que deveriam ser garantidos a toda a população brasileira, e que o Estado, por obrigação, deveria assegurar”. Dados compilados nas publicações dão a dimensão do racismo institucional no Brasil:
Agência Patrícia Galvão - Originalmente publicado em http://www.agenciapatriciagalvao.org.br, em 06/05/2013. FONTE: http://www.cfemea.org.br |
Car@s Amig@s, sou filiado ao PT e optei dispor um pouco de dedicação ao Setorial de Combate ao Racismo e Igualdade Racial PT/RN. Porém, estou informando que este blog é pessoal. Assim sendo, as postagem nele contidas são de responsabilidades minha e não do Coletivo do PT/RN. Agradeço a tod@s pela compreensão.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Ministras Luiza Bairros e Eleonora Meniccuci assinam protocolo de enfrentamento ao Racismo Institucional e Desigualdade de Gênero nesta quinta-feira, em Brasília
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