A resolução foi aprovada no VI Seminário da Juventude Negra 13 que aconteceu em Ilhéus entre os dias 10 a 12 deste mês.
A
juventude negra do vem é criada em 2007, em Lauro de Freitas-BA, por
jovens negras e negros presentes no I Encontro Nacional de Juventude
Negra, com a disposição de fazer a relação entre as demandas do
movimento social que ali se formava e o Partido dos Trabalhadores.
A JN13 surge do acúmulo das discussões de negras e negros do PT assim como da juventude petista, reivindicando as elaborações sobre racismo e sobre a exploração capitalista.
A JN13 surge do acúmulo das discussões de negras e negros do PT assim como da juventude petista, reivindicando as elaborações sobre racismo e sobre a exploração capitalista.
Desde então muitos frutos surgiram, diversas atividades nacionais de caráter organizativo e formativo; protagonizamos a vitória da Prioridade 1 entre as prioridades da Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude de 2008; a conquista da paridade/proporcionalidade etnicorracial nos colegiados da juventude do PT, entre outras.
Nestes anos de existência, aqueles jovens que estavam em Lauro de Freitas e que protagonizaram as primeiras vitórias deste coletivo, estão em diversos espaços de destaque tanto partidários, de movimento sociais e de governo. Àqueles jovens de Lauro de Freitas juntaram-se outros tantos que passaram a se posicionar como negras e negros que, mesmo não tendo atuação em movimentos negros, assumiram também a questão racial como uma das formas de luta.
Como militantes do Partido dos Trabalhadores apresentamos nossos referenciais constitutivos para um novo projeto nacional de desenvolvimento que busca reafirmar o papel do Estado como indutor de políticas que façam avançar experiências econômicas populares e alternativas, focadas em um novo paradigma para nossa sociedade. Constituem os valores da revolução democrática as tradições libertárias e emancipatórias que estiveram presentes desde o início da história do povo brasileiro, desejamos uma alternativa de civilização ao capitalismo, a ser construída democraticamente, que esteja à altura da sua dignidade e esperança, que promova a liberdade como autonomia e autogoverno, que promova os direitos à igualdade na diferença, que saiba construir novos modos de organizar a vida social para além da mercantilização e da autocracia do capital.
Um programa de revolução democrática visa, assim, construir um novo Estado no Brasil assentado em novos princípios de civilização. Para a construção dessa hegemonia é fundamental, no entanto, que esta consciência se eleve à dimensão estatal, que se coloque o horizonte da construção democrática de um novo Estado que, a partir de novos princípios de civilização, organize novas formas de construir e gerir o poder, novas formas de organizar a produção e a distribuição, novos contratos de direitos e deveres, novas instituições e leis que radicalizem a democracia e o pluralismo, a liberdade e a igualdade.
Nesta medida, o programa da revolução democrática não deve ser compreendido como um programa de governo, mas sim como de todo um movimento político por um determinado período. Ele deve referenciar tanto a ação de governo como a dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, criando um grande arco de convergência histórica para uma lógica coerente de transformações. A presença dos socialistas do PT no governo central do país dinamiza e potencializa as suas possibilidades históricas.
Porém, o programa da revolução democrática, à medida que se enraizar e se tornar expressão dospróprios avanços da consciência do povo brasileiro.
Esse processo revolucionário é comprometido com os valores democráticos, emancipatórios e solidários promovendo ao centro de sua configuração programática a dimensão anti-racista presente na identidade do povo brasileiro, elemento fundamental no processo de construção de uma nova sociedade.
A compreensão do racismo enquanto fenômeno que oprime a população negra entra efetivamente na agenda política do Estado. É cada vez maior a admissão oficial de que a realidade brasileira, além dasprofundas desigualdades sociais e econômicas, é profundamente marcada também pela desigualdade racial.
Nossa estrutura social guarda na sua complexidade os componentes econômico-social, racial, de gênero, cultural, as quais, juntas, ampliam as desigualdades, impõem opressões concretas e promovem exclusões. O racismo é uma realidade estruturante das relações que definem o acesso aos recursos, hierarquizam as relações de poder e condicionam pensamentos, ideias e instituições.
O racismo está enraizado no imaginário e na estrutura social, cultural e institucional de nosso país, e dessa forma deve ser compreendido. Mais que uma simples assertiva, o avanço dessa percepção é produto da luta do movimento negro que rompeu o cerco ideológico da chamada “democracia racial” brasileira. Por muito tempo, essa ideologia vigente disseminou a falsa noção da harmonia racial, turvou a consciência, manteve o Estado avesso ao drama da exclusão dos negros e serviu funcionalmente ao processo de exploração capitalista no Brasil.
O Brasil cresce e se desenvolve, promove políticas sociais e afirmativas, mas a desigualdade etnicorracial se amplia. O racismo demonstra sua plasticidade, reciclando-se e demonstrando sua capacidade de seguir determinando lugares e não- lugares dos negros e negras.
Definir as tarefas desta geração. É com este acúmulo nosso entendimento que temos de definir nossas tarefas. O Partido dos Trabalhadores que parte de uma relação umbilical com os movimentos sociais, disputou diversas eleições, construiu oposição ao neoliberalismo, experienciou um Governo Paralelo, levou um trabalhador e um uma mulher à Presidência da República. O Partido dos Trabalhadores está transformando o Brasil.
Há uma nova sociedade em formação, com a ascensão social de milhares de brasileiros e brasileiras que muda a pirâmide social do Brasil, que não é mais pirâmide, mas um exâgono, com concentração da maior parte da população na classe média. Esta população tem uma composição racial mais diferenciada, está em disputa ideológica, é uma nova classe trabalhadora, com características diferenciadas daquela com a qual o PT dialogou ao longo de sua história, que enfrentará novos problemas, terá novos anseios, novos sonhos, novas reinvindicações.
É o nosso entendimento que os problemas que o Brasil vem enfrentando foram encolhidos 20, 30 ou 40 anos por pessoas que à época tinha 20, 30, 40 anos, pensando nos 20, 30, 40 anos a frente.
À urgência das políticas de ação afirmativa deve juntar-se a reflexão profunda, deste pessoal que hoje se aproxima da idade do Partido dos Trabalhadores, entre os 20 e os 40 anos, sobre os desafios que recebemos e os problemas que iremos enfrentar nas próximas.
Finda a miséria e a fome, os problemas de desigualdade, racismo, machismo e preconceito poderão permanecer, poderão continuar a gerar a exclusão, a pobreza e a violência numa sociedade aparentemente remediada do ponto de vista econômico, pois construído a partir de um conceito de desenvolvimento preso ao passado em aspectos fundamentais.
Assim, a JN13 chama toda a Juventude do PT para pensar nos próximos trinta e poucos anos a frente, anos em que nossa atuação se tornará mais profunda e nossa responsabilidade, maior.
VI Seminário da Juventude Negra 13
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