Car@s Amig@s, sou filiado ao PT e optei dispor um pouco de dedicação ao Setorial de Combate ao Racismo e Igualdade Racial PT/RN. Porém, estou informando que este blog é pessoal. Assim sendo, as postagem nele contidas são de responsabilidades minha e não do Coletivo do PT/RN. Agradeço a tod@s pela compreensão.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Fique por dentro!
AGENDA DE ATIVIDADES
MAIO 2012
30/05/12 – (Quarta-feira)
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HORA
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ATIVIDADE
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LOCAL
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09:00
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Seminário de Enfrentamento à violência
Sexual Contra Criança e Adolescente
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Assembleia
Legislativa do RN
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15:30
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Congresso da União Nacional dos
Legisladores e Legislativos Estaduais - UNALE
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Centro
de Convenções
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19:00
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Abertura do Congresso da CUT
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CEMURE
– Cidade da Esperança
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CONSULTA PÚBLICA: Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos
O
Guia de Cadastramento de Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos tem o
objetivo de orientar os gestores do Cadastro Único e Programa Bolsa Família
sobre o cadastramento de 13 diferentes grupos familiares passíveis de serem
identificados no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico).
Para
cada um dos 13 grupos familiares são apresentadas características básicas e
especificidades do respectivo cadastramento. Entre as funções do Guia está a
iniciativa de reforçar, junto aos cadastradores aspectos tais como o respeito
às diferenças e o reconhecimento do valor da diversidade inerente à sociedade
brasileira.
Igreja construída por escravos no século XVIII é reaberta ao público na Bahia
Por Denise Porfírio
Foi reaberta para visitação no Centro
Histórico do Pelourinho, em Salvador, a Igreja Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos, fechada para a realização do trabalho de restauração desde
2011.
A Igreja construída no século XVIII por
escravos com o objetivo de receber os próprios escravos no seio da
Igreja Católica, é também conhecida por sua arquitetura barroca – estilo
de construção que defende o estado psicológico de liberdade e de
atitude criativa liberta de preconceitos intelectuais e formais.
Em seu interior podem ser encontradas as
imagens de alguns santos negros como São Elesbão e Santo Antônio do
Catejeró. Após dois anos de reforma, os altares, as tribunas folheadas a
ouro e os painéis de azulejaria portuguesa foram todos recuperados.
Segundo a restauradora Rosândila Nunes, o trabalho de restauração dos
traços originais se tornou bastante difícil pelo estado avançado de
destruição em que as peças foram encontradas. “As pinturas estavam
cobertas de fungos que formaram placas que impediam a visão das obras”,
ressalta.
PT: Cida Abreu é reeleita para a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo
Encontro nacional reuniu 252 delegados para debater temática racial e eleger nova coordenação
A atual secretária nacional de Combate ao Racismo/PT, Cida
Abreu, foi reeleita para o cargo durante o 9º Encontro Nacional de
Combate ao Racismo realizado no último final de semana, em Recife, com a
participação de 252 delegados de todo o País.
O encontro discutiu temas relevantes do cenário nacional e
internacional com interface na questão racial, além de eleger a nova
coordenação da SNCR.
Seis chapas disputaram a coordenação da SNCR, sendo que a chapa 6
(Combate ao racismo e o capitalismo com raça, gênero e classe) não
apresentou candidatura e o candidato da chapa 3 (Axé: movimento e luta),
Celso Ribeiro, retirou o seu nome da disputa.
A totalização dos votos dos candidatos/as ao cargo de secretário ficou assim:
- Cida Abreu (Construindo um Brasil sem racismo): 160 votos – 63,75%
- Matilde Ribeiro ( Brasil sem racismo: negros e negras protagonizando o século 21): 50 votos – 19,92%
- Ivonei Pires ( Combate ao racismo no centro da revolução democrática): 37 votos – 14,74%
- José de Oliveira ( O Quilombo construindo um novo Brasil com democracia participativa): 4 votos – 1,59%
- Matilde Ribeiro ( Brasil sem racismo: negros e negras protagonizando o século 21): 50 votos – 19,92%
- Ivonei Pires ( Combate ao racismo no centro da revolução democrática): 37 votos – 14,74%
- José de Oliveira ( O Quilombo construindo um novo Brasil com democracia participativa): 4 votos – 1,59%
Cida Abreu considerou o encontro bastante positivo e produtivo, além
de destacar que o trabalho realizado nos dois dias foi totalmente
voltado para o debate de idéias e o respeito às divergências normais
entre as teses apresentadas.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Reeleição da Companheira Cida Abreu
COMUNICADO
Estamos
informando a tod@s que contribuíram no processo de Organização do Setorial de
Combate ao Racismo e Igualdade Racial no RN que, neste final de semana foi realizado
o Encontro Nacional e saímos mais fortalecidos (PT), pois, a Reeleição da Companheira Cida Abreu com
161 votos contra 50 votos das demais Chapas reafirma o amplo debate interno no
Partido em vários Estados Brasileiro, sobre tudo, nas Regiões Norte/Nordeste.
Nós, do Coletivo Estadual do PT/RN, agradecemos
a cada um/a que acreditaram/acreditam na nossa disposição de construir um
debate sério e responsável sobre o Combate ao Racismo e as Políticas da
Promoção de Igualdade Racial e sintam responsáveis por mais esta vitória do
Partido.
Estamos
felizes, “porque nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”.
Ludjanio R. da Silva
Coordenador Estadual
Deputados governistas dão parecer favorável para contratação de temporários
Na reunião da Comissão de Constituição e Justiça da
Assembleia Legislativa realizada na última terça-feira (22), os
deputados da bancada governista deram pareceres favoráveis para dois
projetos encaminhados pelo Governo do Estado à casa. Um é a emenda
constitucional que propõe a contratação de servidores temporários, e o
outro é um projeto de lei que possibilita a entrega de serviços públicos
ao gerenciamento de Organizações Sociais.
O projeto que prevê a contratação de temporários
tem como relator o deputado Gustavo Fernandes (PMDB). Segundo o
documento enviado pelo Governo do Estado à Assembléia, a contratação de
servidores terceirizados é necessária para suprir “a falta de
profissionais nos quadros da administração”.
Rodrigo Baleiro representará o PT de São Gonçalo no 7º Encontro Nacional de Combate ao Racismo do PT.
Rodrigo Baleiro.
Na
qualidade de delegado Estadual do Setorial de Combate ao Racismo,
Rodrigo Baleiro participará nos dias 26 e 27 de maio em Recife (PE) do 7º Encontro Nacional de Combate ao Racismo do PT.
O
Nome de Rodrigo Baleiro foi referendado para representar São Gonçalo
por Ludjanio Rogério secretario do Setorial do PT/RN e membros da chapa
eleita no último dia 14 de Abril que tinha como lema “RN SEM RACISMO”.
A chapa que foi composta entre os Filiados dos Diretórios Municipais de
Natal, Caicó, Senador Georgino Avelino, São Gonçalo do Amarante, João
Câmara, Campo Grande e Parnamirim obtendo 122 votos validos e nenhum
nulo ou brando. O Secretario Ludjanio disse que Cida Abreu atual
Secretária Nacional do Setorial de Combate ao Racismo sempre manteve
contato e contribuiu para a nossa organização, já Matilde Ribeiro só
apresentou-se ao PT/RN através de carta enviada ao Secretário de
Organização do PT/RN no dia do Encontro Estadual inviabilizando
qualquer tipo de apoio da delegação do RN ao Encontro Nacional.
Objetivo dos delegados do Setorial de Combate ao Racismo no encontro é organizar o Partido dos Trabalhadores no RN, e fortalecer a participação no Legislativo e Executivo contribuindo com os nossos pré-candidatos e interlocução do Partido com a sociedade Civil e Governo. É esperada a participação de 294 delegados neste encontro.
Rodrigo Baleiro é o represente do PT de São Gonçalo. Conversamos com
Rodrigo por telefone perguntamos qual é a expectativa dele para o
encontro. Veja o que Rodrigo Baleiro Falou sobre a sua expectativa.
“Eu
espero e sei que vou encontrar gente firme, sem perder de vista a
historia de formulação inicial do PT, que é transformar o Brasil e
consolidar uma sociedade melhor para todos e todas de todas as raças e
cores”. Esse compromisso companheiro está em mim, está no nosso
manifesto, na nossa luta de um mundo melhor sem preconceito e sem
racismo. Precisamos combater todos os preconceitos em todos os seguimentos sociais que ofende a nossa sociedade. Sou
PT porque é nele que consigo reunir as minhas ideias, que têm a
finalidade de coibir todo tipo de preconceito, e ver meu Brasil e minha
Cidade São Gonçalo do Amarante com direitos iguais para todos nos, essas três
décadas de luta, o Partido dos Trabalhadores deve prosseguir investindo
em novas filiações, na formação de quadros e no fortalecimento das
Secretarias Setoriais. Mas sempre perto do povo e dos movimentos sociais porque é nossa base".
Desejamos
a Rodrigo Baleiro e a toda delegação do Setorial de Combate ao Racismo
do PT, Uma ótima viagem, e lutem, debata bastante para que agente
consiga acabar com essa doença chamada preconceito de cor. Com a bênção
de São Jorge e a luz de Exúm e Ogum vão e volte com eles.
Foto do Face de Rodrigo/Edição Marcos Imperial.
Poderá também gostar de:
Cida Abreu: “PT tem que transformar o Brasil e consolidar ...
Encontro Nacional de Prefeitos/as e Deputados/as Estaduais ...
Fonte: http://marcosimperial.blogspot.com.br
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Resolução Política – Juventude Negra do PT
A resolução foi aprovada no VI Seminário da Juventude Negra 13 que aconteceu em Ilhéus entre os dias 10 a 12 deste mês.
A
juventude negra do vem é criada em 2007, em Lauro de Freitas-BA, por
jovens negras e negros presentes no I Encontro Nacional de Juventude
Negra, com a disposição de fazer a relação entre as demandas do
movimento social que ali se formava e o Partido dos Trabalhadores.
A JN13 surge do acúmulo das discussões de negras e negros do PT assim como da juventude petista, reivindicando as elaborações sobre racismo e sobre a exploração capitalista.
A JN13 surge do acúmulo das discussões de negras e negros do PT assim como da juventude petista, reivindicando as elaborações sobre racismo e sobre a exploração capitalista.
Desde então muitos frutos surgiram, diversas atividades nacionais de caráter organizativo e formativo; protagonizamos a vitória da Prioridade 1 entre as prioridades da Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude de 2008; a conquista da paridade/proporcionalidade etnicorracial nos colegiados da juventude do PT, entre outras.
Nestes anos de existência, aqueles jovens que estavam em Lauro de Freitas e que protagonizaram as primeiras vitórias deste coletivo, estão em diversos espaços de destaque tanto partidários, de movimento sociais e de governo. Àqueles jovens de Lauro de Freitas juntaram-se outros tantos que passaram a se posicionar como negras e negros que, mesmo não tendo atuação em movimentos negros, assumiram também a questão racial como uma das formas de luta.
PT: Combate ao Racismo realiza encontro nacional em Recife no final de semana
Cida Abreu, secretária nacional de Combate ao Racismo (Foto: Ricardo Weg/PT)
Cida Abreu, atual secretária nacional de Combate ao Racismo, fala sobre o encontro que discutirá ações políticas e elegerá a nova direção
A secretária nacional de Combate ao Racismo/PT, Cida Abreu,
fala à TVPT sobre as expectativas do Encontro Nacional de Combate ao
Racismo que acontece no dia 26 e 27 de maio na cidade de Recife-PE.
“A expectativa é o debate da questão racial internamente no PT é a
realização do maior encontro na história do partido, no que diz respeito
a representatividade nacional nos estados. Vão participar as quatro
regiões do Brasil, mais o Distrito Federal, são 23 estados que vão estar
presentes no Encontro, então a expectativa é da gente construir um
documento, debater as teses, discutir propostas para as eleições,
discutir a conjuntura nacional da politica de combate ao racismo e da
politica do PT para nos preparar para os desafios futuros que o Partido
vem construindo do ponto de vista do combate ao racismo”.
Cida informa ainda que neste encontro será eleita a nova direção da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo.
“Nós teremos a participação de 294 delegados neste encontro. Toda
disputa no PT é uma novidade do ponto de vista da formulação, tem muita
convergência do ponto de vista da nossa formulação, da nossa identidade,
mas é o momento em que a gente expressa as nossas divergências de
ideias, divergências de comportamento, revê algumas ações, é hora de
construir novas ações e no final pactuar uma proposta onde a gente possa
avançar e fortalecer esta política no PT. Então eu estou muito
otimista, eu acho que os outros candidatos estão muito otimistas, nós
temos seis chapas participando com teses diferentes, com propostas
diferentes para que a gente possa apresentar no partido. Eu acredito que
a nossa formulação, a eleição, a discussão do perfil do candidato ou da
candidata, a relação com os secretários estaduais dos 23 estados que
vão estar lá é um momento muito importante para o partido porque as
setoriais é a alma do partido, é quem mobiliza, é quem mexe com a base, e
é quem vai trazer a proposta e desafios interno no PT”.
Cida Abreu destaca também as principais bandeiras da Secretaria.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
O ator Caio Castro e a experiência do armário
Por
Marcelo Hailer
em
28/11/2011
às
17h55
A polemica de Caio Castro
envolve toda uma questão que vai muito além do estar dentro ou fora do
armário. Diz respeito a maneira como os sujeitos gays se portam em
público. Existem milhares de homossexuais que estão fora do armário para
seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Porém, não trocam
carícias em público, reprovam os outros homossexuais que o fazem,
aceitam a matemática de que o afeto gay deve ser realizado apenas entre
quatro paredes alegando o fator de que não é "seguro" trocar carinho em
locais públicos. Não seria isso uma outra maneira de estar dentro do
armário?
Quando afetos gays são realizados em espaços públicos, que culturalmente e até mesmo institucionalmente, são espaços reservados/ legalizados para o afeto heterossexual, ou seja, quando dois corpos do mesmo gênero resolvem romper com o armário do espaço público e assumir o seu afeto, um choque se constrói em torno dos corpos classificados enquanto heterossexuais, é como se os dois corpos iguais a se abraçar e a se beijar representassem uma ameaça as normas do "bem viver" dos heterossexuais.
Conhecemos o sair do armário em escala coletiva quando se da a realização de Paradas Gays ao redor do Brasil. No momento em que acontece a Parada Gay, muitos dos homossexuais que vivem no armário, seja totalmente ou parcialmente, se juntam ao corpo da manifestação e se beijam e trocam carícias em plena Avenida. Porém, é fato de que muitos que lá estão, após o termino do evento, voltam para dentro dos armários em seus variados tipo de ser e existir.
Há muitos que no dia seguinte vão ao trabalho, local onde ninguém sabe de sua homossexualidade. Ainda vivemos com pessoas (empurradas pelo sistema normativo do qual todos fazem parte) que vivem totalmente dentro do armário. Pergunta-se: até que ponto a saída do armário é uma experiência libertadora? Será que nos dias de hoje é possível falar de uma vida 100% fora do armário?
A fala de Caio Castro ("prefiro ter a fama de pegador do que de veado"), evidencia o armário institucional imposto pela indústria da cultura construída dentro do regime liberal. Até por que os atores galãs, classe onde Castro está alojado, são desencorajados a sair do armário, pelo menos para a imprensa e para o seu público - e aqui temos dois tipos de saída de armário - pelos autores de novelas e também por seus empresários.
O motivo já é um velho conhecido: depois que o astro galã revelar o seu verdadeiro sentimento desejante (o homossexual), provavelmente só vai interpretar gays e nunca mais será alçado à categoria de galã. Segundo os mecenas de produtos televisivos e cinematográficos, o mito do galã, este que move centenas de fãs, estará morto e não mais produzirá dividendo dentro da audiência.
Isso é reproduzido por vários setores da imprensa, estar fora do armário enquanto homem heterossexual e "pegador" acabam por alimentar ainda mais o desejo sexual platônico em torno do ator e assim fazer com que ele adquira mais fãs e consiga mais trabalhos na televisão e também no cinema.
Um ator como Caio Castro até pode sair em defesa dos direitos gays (aqui uma outra saída de armário, em outros tempos, o simples fato de defender direitos civis gays seria interpretado como característica de uma possível homossexualidade), atitude que o ator fez logo em seguida à polêmica sucedida à sua declaração. Ao dizer que tem vários amigos gays e que não tem preconceito, mas nunca assumir a sua homossexualidade, a não ser quando este estiver com mais de 50 anos e não for mais headliner de produções culturais, caso muito comum na indústria cultural.
Toda a polêmica gerada em torno da declaração do ator revela que ainda vivemos sob uma forte política do espaço público como local de vivência privilegiada da identidade heterossexual. Ainda vivemos uma época em que a saída do armário não se dá uma única vez, mas que ela é composta por várias etapas de saídas do armário no meio social. Na mesma semana em que Caio Castro deu sua declaração que incomodou a comunidade gay, outra figura também foi vítima da política do armário. Neste caso foi a presidente Dilma Rousseff (PT), desafiada pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) a sair do armário e "assumir o seu amor pelos e com os homossexuais".
A postura de Bolsonaro nos remete à cultura mais obscurantista em torno da saída do armário, que já foi citada neste texto, aquela em que pessoas não homossexuais resolvem sair do armário e defender os direitos civis dos gays. Não foram poucas as pessoas que, indiretamente concordaram com Bolsonaro, e disseram que a presidente Dilma deveria sair do armário. O fato da presidente não corresponder aos símbolos dominantes da feminilidade, ou da mulher de "verdade" (delicada, passiva e casada), faz com que as pessoas desconfiem de sua orientação sexual e a incitem a sair do armário. Como se vê, a questão de estar dentro ou fora do armário vai muito além da política do assumir, ela está ligada a uma postura política e composta de várias fases e saídas repletas de preconceitos e estruturas opressivas que fazem com que muita gente, galã ou não, permaneça dentro do armário, seja ele qual for.
A filósofa norte-americana Eve Kosofsky Sedgwick (1950-2009) se debruçou sobre o tema ao escrever o clássico texto "A Epistemologia do Armário", onde a estudiosa do gênero estabelece que a saída de armário também se dá com as identidades ciganas, judias, indígenas e outras. Porém, cada uma com a sua especificidade social.
Com esta afirmação entendemos que a questão de sair do armário e assumir publicamente uma identidade social não diz respeito única e exclusivamente à comunidade gay, ela perpassa vários setores da sociedade e é muito mais complexo do que supõe o senso comum.
Quando afetos gays são realizados em espaços públicos, que culturalmente e até mesmo institucionalmente, são espaços reservados/ legalizados para o afeto heterossexual, ou seja, quando dois corpos do mesmo gênero resolvem romper com o armário do espaço público e assumir o seu afeto, um choque se constrói em torno dos corpos classificados enquanto heterossexuais, é como se os dois corpos iguais a se abraçar e a se beijar representassem uma ameaça as normas do "bem viver" dos heterossexuais.
Conhecemos o sair do armário em escala coletiva quando se da a realização de Paradas Gays ao redor do Brasil. No momento em que acontece a Parada Gay, muitos dos homossexuais que vivem no armário, seja totalmente ou parcialmente, se juntam ao corpo da manifestação e se beijam e trocam carícias em plena Avenida. Porém, é fato de que muitos que lá estão, após o termino do evento, voltam para dentro dos armários em seus variados tipo de ser e existir.
Há muitos que no dia seguinte vão ao trabalho, local onde ninguém sabe de sua homossexualidade. Ainda vivemos com pessoas (empurradas pelo sistema normativo do qual todos fazem parte) que vivem totalmente dentro do armário. Pergunta-se: até que ponto a saída do armário é uma experiência libertadora? Será que nos dias de hoje é possível falar de uma vida 100% fora do armário?
A fala de Caio Castro ("prefiro ter a fama de pegador do que de veado"), evidencia o armário institucional imposto pela indústria da cultura construída dentro do regime liberal. Até por que os atores galãs, classe onde Castro está alojado, são desencorajados a sair do armário, pelo menos para a imprensa e para o seu público - e aqui temos dois tipos de saída de armário - pelos autores de novelas e também por seus empresários.
O motivo já é um velho conhecido: depois que o astro galã revelar o seu verdadeiro sentimento desejante (o homossexual), provavelmente só vai interpretar gays e nunca mais será alçado à categoria de galã. Segundo os mecenas de produtos televisivos e cinematográficos, o mito do galã, este que move centenas de fãs, estará morto e não mais produzirá dividendo dentro da audiência.
Isso é reproduzido por vários setores da imprensa, estar fora do armário enquanto homem heterossexual e "pegador" acabam por alimentar ainda mais o desejo sexual platônico em torno do ator e assim fazer com que ele adquira mais fãs e consiga mais trabalhos na televisão e também no cinema.
Um ator como Caio Castro até pode sair em defesa dos direitos gays (aqui uma outra saída de armário, em outros tempos, o simples fato de defender direitos civis gays seria interpretado como característica de uma possível homossexualidade), atitude que o ator fez logo em seguida à polêmica sucedida à sua declaração. Ao dizer que tem vários amigos gays e que não tem preconceito, mas nunca assumir a sua homossexualidade, a não ser quando este estiver com mais de 50 anos e não for mais headliner de produções culturais, caso muito comum na indústria cultural.
Toda a polêmica gerada em torno da declaração do ator revela que ainda vivemos sob uma forte política do espaço público como local de vivência privilegiada da identidade heterossexual. Ainda vivemos uma época em que a saída do armário não se dá uma única vez, mas que ela é composta por várias etapas de saídas do armário no meio social. Na mesma semana em que Caio Castro deu sua declaração que incomodou a comunidade gay, outra figura também foi vítima da política do armário. Neste caso foi a presidente Dilma Rousseff (PT), desafiada pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) a sair do armário e "assumir o seu amor pelos e com os homossexuais".
A postura de Bolsonaro nos remete à cultura mais obscurantista em torno da saída do armário, que já foi citada neste texto, aquela em que pessoas não homossexuais resolvem sair do armário e defender os direitos civis dos gays. Não foram poucas as pessoas que, indiretamente concordaram com Bolsonaro, e disseram que a presidente Dilma deveria sair do armário. O fato da presidente não corresponder aos símbolos dominantes da feminilidade, ou da mulher de "verdade" (delicada, passiva e casada), faz com que as pessoas desconfiem de sua orientação sexual e a incitem a sair do armário. Como se vê, a questão de estar dentro ou fora do armário vai muito além da política do assumir, ela está ligada a uma postura política e composta de várias fases e saídas repletas de preconceitos e estruturas opressivas que fazem com que muita gente, galã ou não, permaneça dentro do armário, seja ele qual for.
A filósofa norte-americana Eve Kosofsky Sedgwick (1950-2009) se debruçou sobre o tema ao escrever o clássico texto "A Epistemologia do Armário", onde a estudiosa do gênero estabelece que a saída de armário também se dá com as identidades ciganas, judias, indígenas e outras. Porém, cada uma com a sua especificidade social.
Com esta afirmação entendemos que a questão de sair do armário e assumir publicamente uma identidade social não diz respeito única e exclusivamente à comunidade gay, ela perpassa vários setores da sociedade e é muito mais complexo do que supõe o senso comum.
Fonte: acapa.virgula.uol.com.br
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