quarta-feira, 25 de maio de 2016

Temer propõe arrocho social e fim do investimento mínimo em Saúde e Educação

 

O governo ilegítimo anunciou nesta terça-feira (24) um pacote de medidas com o objetivo de atingir a meta fiscal estabelecendo um teto para os gastos públicos, que passaria a ser limitado à inflação do ano anterior, ou seja, sem aumento real, a partir de 2017. O chamado “Plano Temer”, segundo o ministro da Fazenda e da Previdência Henrique Meirelles, inclui, ainda, estabelecer um limite para os investimentos em Saúde e Educação.
As medidas anunciadas, porém, não são nenhuma novidade. Elas fazem parte do documento lançado pelo PMDB em outubro de 2015, chamado “Ponte para o Futuro”, reunindo uma série de propostas que atentam contra direitos da classe trabalhadora. O objetivo maior do golpe que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT), como vínhamos alertando há tempos, era justamente abrir caminho para a adoção desse projeto que não foi escolhido pela população.


O plano, segundo analistas, deve provocar um verdadeiro arrocho social, atingindo principalmente a parcela da população que depende da oferta de serviços públicos. De acordo com o colunista da Folha de S. Paulo, Vinicius Torres Freire, para conseguir implantar o seu “pacote de maldades”, Temer precisará definir limites para gastos que crescem vegetativamente, como Saúde, Educação e Previdência.
Atualmente, por lei, o governo federal é obrigado a investir na saúde o mesmo valor do ano anterior, pelo menos, mais o percentual de variação do PIB. Já Estados e municípios precisam aplicar, respectivamente, 12% e 15%.
Na educação, o governo federal deve investir 18% do arrecadado. Estados e cidades, 25%. Meirelles confirmou que a Proposta de Emenda à Constitucional (PEC) que o governo golpista enviará ao Congresso Nacional, em duas semanas, incluirá o fim das vinculações constitucionais nas duas áreas.
O ministro da Educação do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), Aloizio Mercadante, classificou a proposta dos golpistas como “o maior retrocesso da história recente do Brasil da Saúde e Educação”.
“A Constituição de 1988 estabeleceu alguns mecanismos de proteção da Saúde e da Educação, porque esses são direitos cidadãos e dever do Estado. No governo da presidenta Dilma, nos últimos cinco anos, ela investiu R$ 54 bilhões acima do limite mínimo [de 18%] exigido pela Constituição. Eles [golpistas] estão propondo acabar com o [investimento] mínimo. Caso essa regra que eles estão defendendo, estabelecendo que Educação e Saúde só terão o reajuste da inflação daqui para frente, tivesse sido aplicada nos últimos dez anos, teríamos tido uma perda de R$ 500 bilhões em Saúde e Educação”, alertou.
Para o economista do Dieese, Alexandre Ferraz, a obsessão do governo provisório pelo corte de gastos serve somente para justificar cortes de direitos e políticas públicas, como ficou evidente nas medidas anunciadas pelo golpista Michel Temer.
Além de acabar com as vinculações de investimentos com Saúde e Educação, Temer anunciou mais quatro medidas:
1) Esvaziamento do BNDES, com a cobrança antecipada da dívida de R$ 100 bilhões junto ao Tesouro Nacional;
2) Extinção do “Fundo Soberano”, espécie de poupança contra crises criada em 2008 no governo do ex-presidente Lula, cujo saldo atual é de R$ 2,4 bilhões;
3) Bloqueio de novos subsídios para programas como, por exemplo, a agricultura familiar e o “Minha Casa, Minha Vida”;
4) Mudança na lei que estabelece a participação mínima de 30% da Petrobras na exploração do petróleo do pré-sal.
A extinção do Fundo Soberano, por exemplo, vai depender da venda de ações do Banco do Brasil. Temer avisou que essa seria uma “decisão imediata”. Após o anúncio da medida, as ações do BB caíram até 4,5% na Bolsa de Valores.
As medidas anunciadas hoje se somam a outras ações que indicam a opção pelo retrocesso desse governo golpista, como a extinção de vários ministérios (Direitos Humanos, Igualdade Racial, Mulheres e Cultura), a ameaça de corte em programas sociais (Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e ProUni) e a Medida Provisória 727, que retoma o projeto de desestatização da economia, iniciado no governo FHC (1995-2002), abrindo caminho para a privatização desenfreada das empresas públicas.
Foto: Reprodução.

FONTE: Deputado Estadual Fernando Mineiro PT RN 

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