Juliano Siqueira critica ação do PMDB em Brasília: "Ingerências do PMDB no PT nacional não vão determinar política do RN. Essa provocação de Garibaldi para nós não tem nenhuma importância”
Alex Viana
Repórter de Política
O presidente do PT em Natal, Juliano Siqueira, disse hoje que as ingerências do PMDB do Rio Grande do Norte junto à cúpula nacional do Partido dos Trabalhadores não irão “determinar a política no RN”. A declaração do petista se deve ao fato de que, nos bastidores, informa-se que o PMDB ainda não abriu mão da participação do PT no palanque multipartidário que está sendo construído no Estado, com participação de legendas que não apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Nesta segunda-feira, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB), além de afirmar que a aliança do PMDB com o PSB da ex-governadora Wilma de Faria, apoiadora de Eduardo Campos (PSB) no Estado, “está avançando”, não descartou aliança com o PT, que negocia com a legenda do vice-governador Robinson Faria (PSD) uma aliança política adversária. O ministro da Previdência disse que não abria mão da parceria com o PT “porque não foi concluído o entendimento ainda” com o partido.
“Garibaldi fica insinuando que podem surgir novidades de Brasília, para nos tornar reféns e enquadrar o PT. Eles dizem que eles vão ter um encontro com Lula na quinta-feira. Mas o Lula discute com todo mundo. Foi até na casa do Maluf. E isso não tem problema nenhum. Agora, que isso vai determinar a política no RN, tenho certeza que não vai sair nenhum decreto dessa conversa, estabelecendo que nós vamos subir no mesmo palanque com PSDB e com DEM”, disse Siqueira, se referindo ao fato de que esses partidos, que são adversários do PT em nível nacional, estarão reunidos no palanque do PMDB n o RN, juntamente com o PPS e o PSB.
O dirigente do PT afirma que o PMDB deixou claro, na reunião que teve com o PT em janeiro, que o projeto peemedebista envolve uma aliança com legendas adversárias do PT, o que é inconcebível. “A gente conversou aproximadamente três horas com Garibaldi e Henrique. O projeto deles envolve três partidos, o PSDB, o DEM e o PPS, que são oposição histérica ao governo Dilma. Então, não há nenhuma possibilidade de discutir com esses partidos. Eles estão pensando em um palanque três cabeças, onde tem gente que defende Aécio Neves, que defende Eduardo Campos, e eles próprios, por terem o vice do PMDB, defendem Dilma”.
Diante deste cenário, o PT abriu conversas com o PSD, do vice-governador Robinson Faria, pré-candidato a governador do Estado. “Nesse instante, o partido com o qual temos conversas mais avançadas, até porque tem candidatura definida, é o PSD. Nosso palanque tem que seguir a orientação nacional, e tem que ser um palanque nítido e coerente, com partidos de apoio à presidente Dilma Rousseff”, afirmou Siqueira, informando que, para contar com o aval do PT nacional, a chapa Robinson para o governo, deputada federal Fátima Bezerra (PT) para o Senado, deverá ampliar o palanque. “A grande exigência que o partido faz é buscar a ampliação. Claro que ficar apenas com o PSD e o próprio Robinson não é o ideal. O ideal é ampliar as conversas com o PC do B, o PDT e tantos outros, como PHS, PTC, PSDC. No mínimo, uma dezena de partidos com os quais já estamos estabelecendo contato para marcar discussões”, enumerou.
EXCLUSÃO
Juliano Siqueira considerou sem importância a declaração do ministro da Previdência, quando afirmou que ainda aguarda definições nacionais. Para ele, o quadro atual se desenvolveu depois que o PT foi excluído pelo PMDB da chapa majoritária. “Essa provocação do ministro Garibaldi, que disse que ainda aguarda definições nacionais com o PT, para nós não tem nenhuma importância política nem imediata, nem em médio prazo nem em longo prazo. Eles (os líderes do PMDB no RN) são jogadores habilidosos, estão há 60 anos no poder. Há seis meses, eles declaram que a chapa já estava feita, com o PMDB para o governo e o PT para Senado, depois voltaram atrás. Eles excluíram a gente da chapa majoritária. Depois querem estabelecer a política de bater pênalti sem goleiro, qualquer adversário contra Henrique é fortíssimo adversário”, afirmou.
Para o presidente do PT, as manifestações que da direção nacional do PT são no sentido de concretização da aliança com o PSD. “As orientações que temos concreta de companheiros da bancada nacional, com o deputado Vicentinho, que esteve aqui, e de Ruy Falcão, presidente nacional do PT, é que nos aproximemos do PSD, e tentemos ampliar essa frente. Isso por uma questão de reciprocidade. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, apoiou a candidatura de Dilma em troca de nada, não pediu ministério. Além disso, tem uma grande vantagem, que é o triplo do tempo de TV que tem o DEM”.
“Palanque de Dilma Rousseff no RN é onde vai estar o PT”
O presidente do PT, Juliano Siqueira, disse que o palanque da presidente Dilma Rousseff no Rio Grande do Norte será o palanque onde estiver o Partido dos Trabalhadores no Estado. “O PSD é um apoio importante para a reeleição de Dilma. A gente quer montar no RN um forte palanque para Dilma Rousseff. Quanto a haver mais de um palanque, nós já temos experiência nesse campo na eleição de 2010. O PMDB estava dividido, com Garibaldi apoiando Rosalba, e Henrique apoiando Iberê. Lula e Dilma vieram para o palanque de Iberê, que era o palanque que nós apoiávamos. Não foi para o palanque onde estava Garibaldi, mesmo ele sendo do PMDB. O palanque de Dilma Rousseff no RN é o palanque onde vai estar o PT”, afirma.
Segundo Siqueira, o PMDB está em palanque diferente do PT em vários estados, como RS, RJ, SP, MG, BH e BA, o que não será impedimento para Dilma ir a esses estados. “Ela virá para o palanque que nós montarmos, porque não cria problemas. O PMDB tem vice na chapa majoritária de Dilma, mas estão saindo com candidaturas e coligações esquizofrênicas nos estados, com partidos contrários ao nosso. Isso não vai ser impedimento de Dilma ir a esses estados, porque senão ela não irá fazer campanha em nenhum estado”, observou.
Siqueira acrescenta que a “união de forças para salvar o Estado”, segundo a fala de Garibaldi, Henrique e Wilma, traduz-se como “a união das oligarquias para não perder o poder, com eles há 60 anos”. “Henrique só aceita ser candidato se for para vencer por W.O. Nós conversamos com o PMDB e Garibaldi disse que a maioria do PMDB não apoia nossa candidata ao Senado. Ora, se eles não apoiam a nossa candidata, por que nós devemos apoiar? E logo com quem? Com apoio do DEM, do PSDB, do PPS, e para reeleger o filho de José Agripino?”.
Para o petista, “todos são responsáveis por esse desastre político-administrativo”. Ele encerra afirmando que “o que o PMDB quis fazer foi isolar o PT, e falhou. Henrique quis mostrar que era o único representante de Dilma no RN. Duas inverdades, nem isolou o PT, nem representa Dilma. Na reunião com Vicentinho, Henrique não foi nem convidado. Nem seria bem vindo. Quando Vicentinho veio, não deu as caras. Nem fez falta. Nem ele nem o PSB”.
Fonte: http://jornaldehoje.com.br
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