quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PMDB se alia ao DEM, PSDB e PPS: legendas adversárias de Dilma Rousseff no RN


Cientista político da UFRN acredita que acordão comandado pelo PMDB poderá não ter receptividade popular

Palanque do PMDB terá um dos protagonistas da oposição nacional, o senador José Agripino Maia, líder da governadora Rosalba. Foto: Divulgação
Palanque do PMDB terá um dos protagonistas da oposição nacional, o senador José Agripino Maia, líder da governadora Rosalba. Foto: Divulgação
A aliança que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), articula no Rio Grande do Norte, contempla partidos como DEM, PSDB e PPS, legendas que fazem confronto direto com o PT e os aliados na arena da discussão política e na disputa pelo poder no cenário nacional. O PMDB também negocia com o PSB, outra legenda adversária do PT em nível nacional, a participação desta legenda no palanque estadual. O PSB lançará o governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, candidato a presidente da República, sendo mais um adversário da presidente Dilma Rousseff.
Além de optar por adversários de Dilma, o PMDB, que nacionalmente já confirmou a aliança com a presidente, indicando o atual vice-presidente Michel Temer (PMDB), para ser companheiro de chapa novamente da petista, exclui o PT do palanque potiguar, justamente por conta das preferências da aliança, enfraquecendo o projeto nacional petista de eleger uma senadora no Rio Grande do Norte – no caso, a deputada federal Fátima Bezerra (PT).


Na visão do cientista político Antonio Spinelli, DEM e PPS, legendas que deverão ser aliar ao PMDB na disputa eleitoral de 2014, além de oposição ao governo federal, “se caracterizam por um radicalismo de direita muito forte, uma posição ideológica e programática direitista em todos os níveis”. Ele declarou que, neste sentido, “o PMDB local está entrando num barco que vai navegar por águas turbulentas”.
Ao avaliar a aliança articulada pelo PMDB, Spinelli aponta que não há qualquer alinhamento ideológico ou programático. “O PMDB é o típico ‘partido ônibus’, um partido pega tudo. É um tipo de partido que persegue cargos e posições e não tem nenhum compromisso programático e ideológico definido, a não ser compromisso da reprodução da ordem que aí está”, afirma o cientista político Antonio Spinelli.
Nesse sentido, a legenda dos primos Henrique e Garibaldi, de acordo com o professor da UFRN, tem mobilidade para fazer aliança em qualquer ponto do espectro ideológico, seja à direita, à esquerda, ou ao centro. “É difícil prever, mas pode não dar certo. Teoricamente uma candidatura do PMDB ao governo do Estado é forte. Uma candidatura do PMDB ou de algum aliado ao Senado é forte também, porque o partido é bem estruturado no Estado, aliás, tem capilaridade no País todo”, observa.
No entanto, o sucesso ou fracasso desta articulação suprapartidária local, na visão do especialista, “vai depender da capacidade de outros partidos apresentarem propostas, programas e candidatos que tenham maior viabilidade eleitoral, apelo ao eleitor, que podem contrapor a aliança mais conservadora que o PMDB está fazendo”.
Para ele, “pode haver reação”. “O PMDB tem muitos prefeitos, deputados, vereadores, mas isso não é tudo, não garante tudo. Eu diria que o eleitorado, até por conta de todos esses movimentos que tivemos em junho, está mais crítico”, diz. Ainda na visão do especialista, o PMDB, enquanto partido, persegue os seus próprios objetivos de se fortalecer partidariamente e obter vagas na Câmara Federal, no Senado e disputar também o governo do Estado, a Assembleia Legislativa. “Trata-se de um movimento tipicamente pragmático. Embora tenha aliança com o PT no plano federal, me parece que a aliança está consolidada, a não ser que aconteçam novos fatos. Mas todos nós sabemos que é uma aliança que não há alinhamento ideológico e programático”, reforçou.
 “PT vai atrás de outras legendas, com tendência de crescimento”
Ao avaliar a provável aliança do PT, como legenda excluída da aliança com os peemedebistas, com o PSD, tendo o vice-governador e presidente do PSD, Robinson Faria, candidato ao governo, e a deputada federal Fátima Bezerra, disputando o Senado, Antonio Spinelli, do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, afirma que “o PSD não se diferencia muito do PMDB, partido também pragmático, pouco programático e de pouca nitidez ideológica”.
Na visão do analista político, a aliança PSD/PT é fruto da impossibilidade de haver uma coligação entre o PT e o PMDB no Rio Grande do Norte, reproduzindo o que ocorre nacionalmente. “Uma vez que o PT não se aliará ao PMDB, o PT vai se vincular com outro partido. Esse outro partido, com essa aliança com o PT, tem a tendência de crescer. O PT é uma boa noiva para muitos partidos”, disse.
Ainda conforme Antonio Spinelli é impossível prever as chances de sucesso dessa aliança do PT com o PSD. “Não sei quais as chances dessa aliança de Robinson para governador e Fátima para o Senado. Eu diria que o lado forte dessa aliança é o PT, não o PSD. Mas de repente o PSD pode agregar. A campanha eleitoral é imprevisível. As imagens estão sendo construídas. Os cenários estão se delineando. Não há muita coisa definida”.
Caso os nomes do PMDB ao governo sejam Henrique Alves ou Garibaldi Filho, segundo Spinelli, a chapa peemedebista seria forte, mas não se pode esquecer que, por serem políticos tradicionais, ambos têm suas respectivas histórias particulares, com tanto com pontos positivos, quanto negativos. “Já o nome de Fernando Bezerra seria o menor forte eleitoralmente, mas não tem essa carga que Garibaldi ou Henrique teriam. Vai se dá um jogo muito imprevisível. Essa disputa para o governo do Estado o Senado é muito imprevisível”.

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